terça-feira, 30 de novembro de 2021

Isso é contigo...


Segundo a narrativa evangélica, após ver Jesus ser condenado, Judas se arrependeu profundamente.

Ele foi ter com os sacerdotes e queria lhes devolver as trinta moedas de prata que anteriormente tinha recebido.

Compungido, afirmou:

Pequei, traindo sangue inocente.

Eles, porém, disseram:

Que nos importa? Isso é contigo.

A palavra da maldade humana é sempre cruel para quantos lhe ouvem as criminosas sugestões.

O caso de Judas demonstra a inconsequência e a perversidade dos que cooperam na execução dos grandes delitos.

O espírito imprevidente por vezes considera e atende conselhos malévolos.

Mas, quando as consequências chegam, ele se encontra solitário.

Quem age corretamente sempre tem companheiros, se suas iniciativas são bem sucedidas, pois são muitos os que desejam partilhar as vitórias e desfrutar dos sucessos.

Contudo, raramente sentirá a presença de alguém que lhe comungue as aflições nos dias de derrota temporária.

Nesses momentos, somente sua consciência ilibada o socorrerá.

Semelhante realidade induz a criatura a precaução mais insistente.

A experiência amarga de Judas repete-se com a maioria dos homens, todos os dias, embora em diferentes setores.

Há quem ouça as delituosas insinuações da malícia ou da indisciplina.

Seja no trabalho, na vida social ou familiar.

Por vezes, o homem respira em paz, desenvolvendo as tarefas que lhe são necessárias.

Todavia, é alcançado pelo conselho da inveja ou da desesperação e perturba-se com falsas expectativas.

Passa a achar o dever ingrato.

Enamora-se de ganhos fáceis, aventuras inconsequentes ou folgas mais dilatadas.

Facilmente se convence de que faz mais do que o necessário, que é explorado e incompreendido.

Embalado nessas ilusões, consegue argumentos para desertar do dever.

Embrenha-se em labirintos escuros e ingratos, dos quais será muito difícil sair.

Quando reconhece o equívoco do cérebro ou do coração, volta-se para quem o aconselhou ou instigou.

É então que ouve a mesma frase dita a Judas, em seu momento de desespero:

Que nos importa? Isso é contigo.

Convém refletir sobre essa realidade, perante os conselheiros de plantão.

Nas complexas ocorrências da vida, a saída mais fácil raramente é a mais honrosa.

Contudo, o caminho do dever é o único que pode ser trilhado em paz.

Pouco importa que os outros aconselhem ou façam o contrário.

A responsabilidade pelo que se faz é pessoal e intransferível.

Pense nisso.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 91, do livro Pão nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 15.2.2021












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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Raça de víboras...


Existem pessoas que se confundem ao meio em que vivem a tal ponto que perdem a própria identidade. É a esse tipo de criaturas que Jesus chama raça de víboras.

Pelo mimetismo, capacidade que certos animais possuem de tomarem a cor e a configuração dos objetos em cujo meio habitam, a víbora se confunde, por assim dizer, ao meio, tornando difícil a sua localização.

Muitos de nós, em situações adversas, preferimos nos deixar confundir com o meio do que sermos taxados de piegas ou moralistas indesejáveis.

Se estamos no meio dos corruptos, aplaudimos a corrupção.

Se nos encontramos entre os viciados, apoiamos o vício.

Se estamos com os sexólatras, louvamos a sexolatria.

Se estamos rodeados por pessoas honestas e dignas, enaltecemos a honestidade e a dignidade.

Falta-nos a coragem moral para nos posicionarmos de conformidade com a nossa consciência, independente do meio em que nos achemos.

Como cristãos, sabemos qual é a postura correta, mas preferimos nos deixar levar pela maioria pensando enganar a própria consciência. Esquecemos a recomendação do Homem de Nazaré: Seja o seu falar sim, sim, não, não.

Todo mundo faz! Este é o argumento com o qual alguns de nós tentamos justificar os atos indignos.

No momento em que Jesus se refere aos fariseus como raça de víboras, enfatiza também que todo pecado ou blasfêmia nos serão perdoados, exceto os cometidos contra o Espírito, contra a consciência.

O que o Cristo quis dizer é que os equívocos cometidos por ignorância, não serão contabilizados pelas leis maiores como infração, mas como tentativa mal sucedida.

Mas as infrações cometidas com conhecimento de causa, ou seja, contra a consciência, essas não serão perdoadas, e o infrator responderá por elas diante das leis que regem a vida.

Assim, a desculpa de que todo mundo faz, não nos isentará da responsabilidade pessoal, pois a cada um será dado conforme suas obras, e não conforme as obras da maioria, pois o mérito ou demérito são individuais e intransferíveis.

Dessa forma, por mais que tentemos nos confundir com o todo ou com a maioria, não impediremos que as leis divinas nos localizem e registrem as nossas mais secretas intenções.

Deixemos o mimetismo para os animais e tomemos a postura cristã onde quer que estejamos, sem receio.

Sejamos firmes em nossas decisões nobres, sem nos preocuparmos em agradar as massas, mas com a única preocupação de agradar a Deus.


Allan Kardec, ao codificar a Doutrina Espírita, teve oportunidade de perguntar aos Espíritos:

Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?

Os benfeitores responderam:

Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.

Esta e outras tantas questões estão em O livro dos Espíritos.

Aproveite para conhecê-lo, neste ano em que completa cento e cinquenta e seis anos de esclarecimento e consolo.



Redação do Momento Espírita, com base no item 932 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB e no Evangelho de Mateus 12:34.
Em 24.5.2013.




















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terça-feira, 23 de novembro de 2021

Investimento de sabedoria...


Naqueles memoráveis dias, brilhava a Luz da Verdade, que descera do Infinito para iluminar o mundo.

E porque a treva predominasse, o Embaixador Celeste narrou inúmeras parábolas que deveriam permanecer para sempre na memória da Humanidade.

Em maravilhoso amanhecer, Ele falou:

Lamed era um rei muito poderoso, que possuía terras a perder-se de vista, palácios e joias valiosos, animais e escravos inumeráveis, invejado e bajulado por multidões.

Acreditava-se feliz, repousando na ociosidade dourada, engendrando planos para aumentar a fortuna, sempre receoso de ter o trono usurpado e os tesouros perdidos.

Na sua ganância havia perdido a paz e na temeridade em que se refugiava, passou a ser detestado.

O tempo furtava-lhe as energias, e à louçania juvenil tomaram o lugar a velhice, o cansaço e a debilidade orgânica.

Nesse ínterim, ele ouviu falar que havia duas pérolas de valor inestimável, que todos cobiçavam, mas ninguém possuía recursos para adquiri-las.

Eram únicas, por isso mesmo, incomparáveis e estavam à disposição de quem as pudesse comprar.

Porque já não administrasse os seus bens e domínios, quase exaurido, sem entusiasmo nem fé, o ancião resolveu vender tudo quanto possuía.

Ao concluir todas as negociações, deu-se conta que amontoara o exato valor para adquirir as duas pérolas incomuns.

Sem qualquer receio operou a troca, e nunca mais sofreu, nem se inquietou, nem receou a morte ou a vida.

Ao possuir os dois glóbulos brilhantes e nacarados, libertou-se de tudo e tornou-se totalmente feliz, porque as duas pérolas, nas quais investiu todos os bens, são o amor e a paz.

*  *  *

Será que estamos dispostos a investir todos nossos bens em tal conquista?

São tantos os bens que temos para investir: nossa inteligência, nossa saúde, nossas energias, nossa disposição.

Imaginemos a consequência de colocarmos todos esses bens a serviço deste objetivo: conseguir as pérolas do amor e da paz.

Eis um investimento de sabedoria, que sempre nos dará um retorno inestimável e perene.

Os bens materiais acabam, cedo ou tarde. Esses tesouros da alma, não. Uma vez conquistados, ficam conosco para sempre.

Nenhum amor se perde.

Quando passamos a amar alguém – amor de verdade, amor maduro – esta pérola fica conosco por toda eternidade. Não há quem possa no-la tomar.

Quando temos a consciência em paz – dessa paz de quem faz o bem – nada pode usurpá-la. A paz do cumpridor da lei de caridade é posse legítima.

Pensemos, reflitamos, e façamos nossa escolha.

Onde estamos aplicando nossos bens? Naquilo que acaba, ou naquilo que permanece?



Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, do livro A busca da perfeição, pelo Espírito Eros,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em1ª.9.2020.






















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