quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A ilusão do reflexo...


Conta-se que um pai deu a sua filha um colar de diamantes de alto preço.

Misteriosamente, alguns dias depois o colar desapareceu. Falou-se que poderia ter sido furtado.

Outros afirmaram que talvez um pássaro tivesse sido atraído pelo seu brilho e o levado embora.

Fosse como fosse, o pai desejava ter o colar de volta e ofereceu uma grande recompensa a quem o devolvesse: R$ 50.000,00.

A notícia se espalhou e, naturalmente, todos passaram a desejar encontrar o tal colar.

Um rapaz que passava por um lago, próximo a uma área industrial, viu um brilho no lago.

Colocou a mão para proteger os olhos do sol e certificou-se: era o colar.

O lago, entretanto, era muito sujo, poluído, e cheirava mal.

O rapaz pensou na recompensa. Vencendo o nojo, colocou a mão no lago, tentando apanhar a jóia.

Pareceu pegá-la, mas sentiu escapulir das suas mãos. Tentou outra vez. Outra mais. Sem sucesso.

Resolveu entrar no lago. Emporcalhou toda sua calça e mergulhou o braço inteiro no lago.

Ainda sem sucesso. O colar estava ali. Mas ele não conseguia agarrá-lo. Toda vez que mergulhava o braço, ele parecia sumir.

Saiu do lago e estava desistindo, quando o brilho do colar o atraiu outra vez.

Decidiu mergulhar de corpo inteiro. Ficou imundo, cheirando mal. E ainda nada conseguiu.

Deprimido por não conseguir apanhar o colar e consequentemente, a recompensa polpuda, estava se retirando, quando um velho passou por ali.

O que está fazendo, meu rapaz?

O moço desconfiou dele e não quis dizer qual o seu objetivo. Afinal, aquele homem poderia conseguir apanhar o colar e ficar com o dinheiro da recompensa.

O velho tornou a perguntar, e prometeu não contar a ninguém.

Considerando que não conseguia mesmo apanhar o colar, cansado, irritado pelo fracasso, o rapaz falou do seu objetivo frustrado.

Um largo sorriso desenhou-se no rosto do interlocutor.

Seria interessante, falou em seguida, que você olhasse para cima, em vez de somente para dentro do lago.

Surpreso, o moço fez o recomendado. E lá, entre os galhos da árvore, estava o colar brilhando ao sol.

O que o rapaz via no lago era o reflexo dele.

A felicidade material se assemelha ao reflexo do colar no lago imundo.

Na conquista de posses efêmeras, quase sempre mergulhamos no lodo das paixões inconsequentes.

A verdadeira felicidade, no entanto, não está nas posses materiais, nem no gozo dos prazeres.

Ela reside na intimidade do ser. Nada ruim em se desejar e batalhar por uma casa melhor, um bom carro, roupas adequadas às estações, uma refeição deliciosa.

Nada ruim em desejar termos coisas. A forma como as conquistamos é que fará a grande diferença.

Se para as conseguir, necessitamos entrar no lodaçal da corrupção, da mentira, da indignidade, somente sairemos enlameados, e infelizes.

Esse tipo de felicidade é como o reflexo do colar na água: pura ilusão.

Somente existe verdadeira felicidade nas conquistas que a honra dignifica, que a consciência não nos acusa.

Pensemos nisso. E, antes de sairmos à cata desesperada de valores materiais expressivos, analisemos o que necessitamos dar em troca.

Porque nada vale que mereça sacrificar a honra, a dignidade pessoal, a autoestima, a vida espiritual.

Tudo é passageiro na Terra. Lembre disso.


Redação do Momento Espírita com base em conto de autoria desconhecida.













segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

À beira do desânimo


Há dias em que não queremos fazer nada.

Acordamos um tanto pra baixo, não sabemos a razão.

Tivemos sonhos ruins, acordamos desorientados, não dormimos bem.

Há dias que parecem parados no tempo. Olhamo-nos no espelho e não vemos nada. Nada além de um rosto cansado, triste.

São dias desafiadores, pois fazer as coisas sem vontade de fazê-las é verdadeira tortura.

No entanto, esses são dias de autodescobrimento também.

Por que nos sentimos assim? O que nos alterou dessa forma?

Temos vivenciado muitos dias como este? Ou este é apenas uma exceção?

A autoanálise precisa ser uma constante em nossas vidas. Não podemos deixar que as emoções tomem conta de nossa existência. Somos nós que temos as emoções e não elas que nos têm.

Dia ou outro de desânimo é até natural. Estamos em plena batalha e, por vezes, precisamos descansar.

Porém, lembremos, o desânimo não pode tomar conta da nossa vida. Podemos senti-lo, acompanhá-lo de perto, cuidando, como um bom médico que monitora seu paciente.

Por mais dura que seja, a reencarnação é oportunidade singular, magnífica, conseguida após planejamento minucioso e cuidadoso por parte das leis maiores.

Valorizá-la é lutar contra tudo aquilo que pode vir a sabotá-la e paralisá-la.

Amarmo-nos, em primeiro lugar, descobrindo-nos cada dia mais lúcidos e gratos por tudo.

Os dias atuais nos colocarão diante de muitas beiras. À beira do desespero, à beira da cólera, à beira do desânimo e tudo o que com ele vem.

Sábio é aquele que chega na beira, olha para o despenhadeiro, contempla o horizonte e pode dizer: Eu fui o mais forte. Sobrevivi mais um dia. Cresci mais um dia.

Logo estaremos de volta à pátria espiritual, todos nós, alguns antes, alguns mais tarde. Não sabemos ao certo o dia da partida.

Que o desânimo não nos roube um dia sequer até a chegada da grande hora do retorno.

* * *

Quando nos observarmos, à beira do desânimo, aceleremos o passo para frente, proibindo-nos parar.

Oremos, pedindo a Deus mais luz para vencer as sombras.

Façamos algo de bom, além do cansaço em que nos vejamos.

Leiamos uma página edificante, que nos auxilie o raciocínio na mudança construtiva de ideias.

Tentemos contato de pessoas, cuja conversação nos melhore o clima espiritual.

Procuremos um ambiente, no qual nos seja possível ouvir palavras e instruções que nos enobreçam os pensamentos.

Prestemos um favor, especialmente aquele favor que estejamos adiando.

Visitemos um enfermo, buscando reconforto naqueles que atravessam dificuldades maiores que as nossas.

Atendamos às tarefas imediatas que esperam por nós e que nos impeçam qualquer demora nas nuvens do desalento.

Guardemos a convicção de que todos estamos caminhando para adiante, através de problemas e lutas, na aquisição de experiência.

Também de que a vida concorda com as pausas de refazimento das nossas forças, mas não se acomoda com a inércia em momento algum.



Redação do Momento Espírita, com base no cap. Texto antidepressivo, do livro Busca e acharás, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. IDEAL.
Em 11.9.2020.















sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Lobos internos...

Um dia um velho avô foi procurado por seu neto, que estava com raiva de um amigo que o havia ofendido.

O sábio velhinho acalmou o neto e disse com carinho: "Deixe-me contar-lhe uma história.

Eu mesmo, algumas vezes, senti muito ódio daqueles que me ofenderam tanto, sem arrependimento. todavia, o ódio corrói a nossa intimidade mas não fere nosso inimigo. É o mesmo que tomar veneno desejando que o inimigo morra.

Lutei muitas vezes contra esses sentimentos.

O neto ouvia com atenção as considerações do avô. E ele continuou: "é como se existissem dois lobos dentro de mim. um deles é bom. Não magoa ninguém. Vive em harmonia com todos e não se ofende.

Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o outro lobo, ah!, esse é cheio de raiva.

Mesmo as pequenas coisas desagradáveis o levam facilmente a um ataque de ira! Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. É tão irracional que nunca consegue mudar coisa alguma!

Algumas vezes é difícil de conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito".

O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou: "E qual deles vence, vovô?"

O avô sorriu e respondeu baixinho: "Aquele que eu alimento mais frequentemente".

E você, qual dos dois lobos tem alimentado com mais frequência?

A figura do lobo é significativa, uma vez que representa o grau de animalidade que ainda rege as nossas ações.

Enquanto o ser humano não desenvolver todas as virtudes que o elevarão à categoria de espírito superior, sempre haverá em sua intimidade um pouco dos irracionais. E essa luta interna é que irá definindo o nosso amanhã, de acordo com o lado que mais alimentamos.

Por vezes, um simples ato impensado, uma simples ação infeliz, pode nos trazer consequências amargas por longo tempo.

Paulo, o grande apóstolo do cristianismo, identificou muito bem essa luta íntima quando disse: "o bem que eu quero, esse eu não faço, mas o mal que não quero, esse eu faço."

Indignado por algumas vezes ainda ser dominado pelo "homem velho", em prejuízo do homem novo que desejava ser, Paulo desabafou e nos deixou esta grande lição: é preciso perseverar.

É preciso deixar que esse lobo sedento de vingança e obcecado pela ira, que ainda encontra vitalidade em nosso íntimo, não receba alimento e desapareça de vez por todas, cedendo lugar ao homem moralmente renovado que desejamos ser.

Agindo dessa maneira poderemos um dia, não muito distante, dizer, como o próprio apóstolo Paulo disse, depois de vencer a si mesmo: "já não sou eu quem vive, é o cristo que vive em mim."

Mas, para que cheguemos a esse ponto, temos que travar muitas batalhas internas a fim de fazer com que os ensinamentos e os exemplos de Jesus, o mestre por excelência, façam sentido para nós a ponto de se constituir em força motriz, a impulsionar os nossos pensamentos e atos.

Você sabia?

Você sabia que Paulo de tarso renunciou a muitas coisas para seguir a Jesus?

Ele, que foi um dos primeiros perseguidores dos cristãos em nome da sua crença religiosa, depois que viu o mestre às portas da cidade de damasco, tornou-se seu seguidor fiel até os últimos dias de sua vida.

Mas, para isso, foi preciso silenciar muitas vezes a fera interna que tentava falar mais alto.

Foi preciso renunciar a si mesmo, deixar o orgulho de lado, tomar da sua cruz e seguir os passos luminosos do Mestre de Nazaré.


Momento de Reflexão
(Baseado em arquivo recebido pela internet, sem menção ao autor)

















sábado, 9 de janeiro de 2021

Cadeias da alma...


Você se considera uma pessoa livre?

Mas, afinal de contas, o que é ter liberdade?

Se pensamos que somos livres só pelo fato de não estar atrás das grades, podemos até nos dizer livres.

Mas, será que realmente somos?

Se você diz ter liberdade plena, mas se irrita quando os outros querem; se veste conforme os modistas determinam; sente ódio quando as circunstâncias pedem; usa a marca que a sociedade estabelece como sendo a melhor, e se submete a outras tantas cadeias psicológicas, você pode até dizer-se livre, mas é um encarcerado da alma.

O homem verdadeiramente livre é senhor de si, dos seus atos, da sua vontade.

Quem é livre não se submete aos vícios, nem às convenções sociais descabidas, nem cai em armadilhas preparadas para os descuidados.

A verdadeira liberdade é a liberdade da alma.

Gandhi, o homem que soube lutar pela paz, apesar de ficar detido atrás das grades muitas vezes, era um homem livre, pois ninguém conseguia aprisionar-lhe a alma.

Paulo o apóstolo, mesmo jogado numa cela fétida e úmida, manteve-se sereno e senhor da sua liberdade moral.

Os homens podiam impedir que ele andasse livremente, mas jamais conseguiram deter sua liberdade de pensar e sentir.

Quando um homem é livre, não se importa com o que pensam dele nem com o que falam a seu respeito, mas sim do que fala sua própria consciência.

Os pais e mães modernos, nem sempre estão dispostos a educar os filhos para que sejam livres pois estabelecem, desde a infância, uma série de situações que tendem a fazer com que pensem pela cabeça dos outros.

Não os deixam ter as experiências de que necessitam para ser livres e por isso os fazem seus dependentes.

Dependem da mãe para escolher a roupa e o calçado que irão usar, para arrumar sua cama, para pôr ordem seus brinquedos e, às vezes, até para fazer as lições da escola.

Sim, há pais que fazem pelos filhos as tarefas que os professores lhes solicitam.

Pensando em ajudar, negam ao filho a oportunidade de se fazer verdadeiramente livre.

Outros pais fazem dos filhos cópias perfeitas dos seus ídolos da tv. Compram roupas, bolsas, calçados e outros adereços de personagens que a mídia produz, como se fossem modelos saudáveis a serem seguidos.

Não se dão conta, esses pais, que estão criando um condicionamento negativo, impedindo que as crianças desenvolvam o senso crítico.

Importante que pensemos com seriedade a esse respeito, buscando a nossa liberdade moral e ajudando os filhos a conquistar sua própria libertação.

Libertação física pela limitação dos apetites, não se deixando governar pelos instintos.

Libertação intelectual pela conquista da verdade, mantendo a mente sempre aberta.

E libertação moral pela procura da virtude.

Somente quando soubermos governar a nós mesmos com sabedoria é que poderemos nos dizer verdadeiramente livres.

***

O limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa, que gera para si mesma o cárcere de sombra e dor, ou as asas de luz para a perene harmonia


Redação do Momento Espírita